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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Teoria alarmista do IPcalipse causa barulho ao repetir fórmula do bug do milênio

Fonte: Uol Tecnologia

Prepare-se, internauta. No mesmo clima do bug do milênio, é bem provável que você ouça nos próximos meses uma história de que, em breve, a internet não estará preparada para a grande quantidade de novos usuários sedentos por conexão. Segundo essa teoria (da conspiração?), o número de máquinas que pode se conectar à web estaria chegando ao fim: o universo virtual, então, fecharia suas portas aos novos usuários que, atrasados para a grande festa online, não teriam mais como participar dela. A teoria tem até nome – IPcalipse – e não é totalmente absurda. Mas o IPcalipse não causará estragos e, assim como o bug do milênio, entrará para a história como mais um caso de “muito barulho por nada”.

O IPCalipse, um trocadilho com apocalipse do IP, consiste no fim de endereços válidos de protocolo de internet -- todo computador ou dispositivo móvel conectado à rede precisa de uma identificação dessas, atualmente composta por números, para navegar. O IPv4, atual padrão de endereçamento da rede, é limitado a pouco mais de 4 bilhões de endereços IP e, por isso, já era previsível que seu reinado chegaria ao fim.

Esse não é um problema para o usuário comum, mas sim para provedores de acesso e de conteúdo, que devem passar por um processo de atualização de tecnologia.

“Se algo não for feito, o crescimento da internet no mundo pode ficar comprometido”, afirmou Antônio Moreiras, coordenador de Projetos do Ceptro.br (Centro de Estudos e Pesquisas em Tecnologias de Redes e Operações) – órgão ligado ao CGI (Comitê Gestor da Internet), responsável pela distribuição de endereços para acesso à web no Brasil. Segundo Moreiras, há apenas 5% dos 4 bilhões de IPs disponíveis, que devem acabar nos próximos dois ou três anos.

“Isso [a saturação de IPs] está acontecendo, pois, inicialmente, a rede não foi pensada em algo aberto para todas as pessoas”, afirmou. A internet foi criada na década de 80 para fins militares e acadêmicos.

Solução
A solução para o esgotamento de endereços IP já existe, mas ainda é usada por poucas empresas: é o IPv6 – uma evolução do IPv4. A primeira diferença entre esses padrões é a disponibilidade de endereços. Enquanto o IPv4 permite até quase 4,3 bilhões (o número exato é 2 elevado a 32), o IPv6 fornece até 3,4x1038 (o número exato é 2 elevado a 128). Sem contar que o endereço IPv6 tem caracteres hexadecimais, ou seja, os endereços de internet do futuro também terão letras. Por exemplo: um endereço IPv4 tem a seguinte estrutura “192.168.5.8”. Já o IPv6, “1080:0:0:0:8:800:200D:310A”.

Outra característica do protocolo é que pelo grande número de possibilidades de endereços, o IPv6 vai permitir que cada eletrodoméstico de uma casa possa se conectar à internet.

De acordo com Eduardo Parajo, da Abranet (Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Rede Internet) já existe uma movimentação para que as empresas do ramo migrem para o IPv6, até pela importância da causa. “Tem muito mais gente que não tem internet no Brasil do que usuário com acesso à rede. Logo, é de interesse das empresas trabalharem nesse processo de migração.” Ele disse ainda que várias companhias no Brasil estão estudando e trabalhando na formação de pessoas para a implantação da tecnologia.

Atualmente, o Google já ativou o IPv6 em vários de seus produtos como busca, e-mail e no YouTube. Facebook, Yahoo e Microsoft estão fazendo testes com a tecnologia.

Sou usuário, o que devo fazer?
O internauta não precisa fazer nada. Tanto o que já tem internet como o que quer ter acesso não deverá se preocupar com esse processo de migração do IPv4 para o IPv6. O motivo é que sistemas operacionais Windows, a partir do Windows XP, distribuições Linux e máquinas com sistema Apple já suportam a tecnologia.

A única mudança consiste no fato de que, com o IPv6, ele não receberá mais um IP dinâmico (que pode ser alterado pelo provedor de acesso a cada conexão), mas vários endereços fixos para poder se conectar à internet com seu computador e outros itens como, por exemplo, a televisão. Isso pode fazer com que o usuário tenha uma espécie de identidade na rede, explica Parajo, da Abranet.

Problema antigo

De acordo com Antônio Moreiras, o problema do esgotamento de endereços IP é conhecido desde que a internet se tornou comercial, no início da década de 90.
Desde então, foram pensadas alternativas como o NAT (Network Address Translation), que permite, por exemplo, com que várias pessoas em uma rede interna acessem a internet com um mesmo endereço IP – esse modelo é muito comum em empresas.
O protocolo IPv6 está pronto desde o fim da década de 90 e foi alvo de vários testes. Em 2006, Icann, órgão regulamentador da internet, viu que o sistema já estava “maduro” o suficiente para ser implantado.



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